segunda-feira, 13 de novembro de 2017

HISTÓRIA DO JARDIM PERY: A Família Ramalho

Oi Robinson,

Conforme falamos segue um pouco da estória da minha família no Jardim Pery.


Meus Pais mudaram para o Pery por volta de 1961. No início moramos na rua Moacir fogo, que depois mudou de nome para Rua ''Mario Soler'', até que o meu pai comprou um terreno na Vila Continental, na rua Miguel de Lemos onde ergueu nossa casa própria. Naquela época nenhuma rua aqui tinha asfalto.

O ponto final de ônibus do bairro ficava próximo à padaria e da Farmácia Maciel, na Av. Pery Ronchetti. Quando chovia os ônibus (que eram da companhia Brasil Luxo) não podiam descer até ponto final, em virtude do barro que formava.  Era terrível, atolava tudo no barro, e nós crianças ficávamos do barranco assistindo o pessoal desatolar os ônibus e os carros.

Foto 1
Nasci em 1954, tenho 63 anos. Estudei o primeiro ano na primeira escolinha pública do Pery, que era feita de madeira, ficava no terreno onde hoje tem a Igreja Nossa Sra. da Penha, depois fui para a outra escola que construída na esquina Av, Pery Ronchetti x Av, Santa Ignêz, em frente a rotatória da Pedra Branca que desce para o Pery. 
Neste período foi construído o prédio do Grupo Escolar Rita Bicudo Pereira onde conclui o curso primário. 


Foto 2:
 Estamos em frente à Bica de água da Rua índio Peri...onde muitas pessoas da região se abasteciam de água limpa para beber e cozinhar.
Nesta foto estou eu e meu irmão ''Aparecido José Ramalho'' e uma moça que no momento também pegava água (não lembro quem era). Bem no final da rua antiga Moacir fogo ( Mário Soler)  tinha um terreno com uma caída bem forte que era por onde descíamos por um trilho até o final pra se chegar na biquinha. No passado tentaram colocar uma imagem de Nossa Sra. de Aparecida sobre esta pedra, mas não durou muito tempo.






Foto 3

Estamos eu e o meu saudoso pai 'José Ramalho' com a bicicleta que usava como meio de transporte para ir trabalhar no bairro de Santana...nesse tempo morávamos ainda na Rua Moacir Fogo.
Do tempo que morei nessa rua me lembro de poucas pessoas, como Seu Joel pai do Moisés, do Ico, que trabalhava na padaria do Pery, do Valêncio, Joãozinho manquinho, e lembro do campinho na rua Mario Soler.


Foto 4

Da esquerda para a direita, minha prima irmã (foi criada com a gente) que se chamava ''Francisca ''  (Chiquinha), minha saudosa Mãe ''Sabina Ana Ramalho'',  Manoela (amiga da família), meu irmão ''Aparecido José Ramalho'' e eu Claudio Ramalho. Foto tomada na pontinha que liga a ilha no Horto Florestal, onde era comum fazermos passeios sempre que possível...passeávamos e brincávamos no parquinho do Horto e as vezes assistíamos os jogos de futebol do Silvicultura (time do Horto).


Foto 5: O Bar do Sr. Augusto, no largo do Pery

Claudio Ramalho no Bar do Sr. Augusto, Déc: 70
Esta foto é fera , vai trazer á memória lembranças para muita gente. Na foto sou eu com doze para treze anos de idade quando trabalhava no bar do Sr. Augusto (português), ao lado da Igreja Nossa Sra. da Penha, onde tinha o ponto final dos ônibus da Brasil Luxo.

Era eu quem abria o bar pela manhã, antes das seis horas passava na padaria pra buscar pão, voltava e abria o bar. Quando abria um pouco mais tarde tinha que ouvir reclamação, principalmente dos motoristas e cobradores que queriam tomar seu café antes do primeiro ônibus sair.

Em frente ao bar tinha a guarita do fiscal, lembro do Sr. Faustino que era um eles, mora até hoje no bairro, na Rua Miguel de Lemos, era ele quem me ajudava a acalmar o povo reclamando..
O dia mais difícil na semana para trabalhar era na quarta  porque tinha a Feira, na época montada na rua Índio Peri. Logo cedo, antes dos feirantes montarem as barracas eu tinha que abrir o bar para atendê-los, era uma correria, mas também muito divertido. Geralmente nas quartas feiras o Sr. Augusto (Proprietário) chegava mais cedo para ajudar no atendimento..

Próximo a este tinha outro estabelecimento que era concorrente do Sr. Augusto, o ''Bar do Pico”, com mesas de bilhar (bastante conhecido na época) virava e mexia o pau comia entre os dois, Sr. Augusto x Pico, literalmente saiam no braço mas no dia seguinte estavam na boa de novo, já era um fato corriqueiro.
O Bar do Sr. Augusto tinha bastante movimento por ser próximo aos pontos finais de ônibus e também de táxis de frota, muito comum na época, e ainda tinha o movimento da feira (nas quartas-feiras).
Era tipo um Point na época, onde frequentavam desde o pessoal da 38º da Vila Amália, investigadores e delegados. Eu conhecia todos, como também a malandragem toda (que na época a delinquência maior eram as brigas, pequenos delitos comparado com os de hoje).

LEMBRANÇAS DA FEIRA DO PERY, QUANDO ERA MONTADA NA AV. PERY RONCHETTI. Mais uma lembrança, até mais ou menos o final da década de 60 a feira do Jardim Pery era montada na avenida Pery "Ronchetti", onde eu já trabalhava fazendo carretos (levava as compras das mulheres, muita sofrência kkk), quando a entrega era no bairro Pedra Branca ou no Pery alto eu sofria pra empurrar o carrinho cheio ladeira acima, mas valia a pena porque já ganhava uma graninha. No dia da feira o trânsito ficava bem confuso no bairro, era desviado pela rua do Seu Albano, Rua Joaquim Dias Pinto e Rua Índio Peri
Também engraxei sapatos em frente a padaria do Pery, detalhe: para conseguir o ponto tinha que resolver no braço, tinha que ser determinado.
Mapa aéreo da região em 1958

O SUCUPIRA: Seguindo do lado direito a caminho da Vila Continental, onde hoje chamam de Sucupira tinha o famoso lagoão, eram duas lagoas. Ali era onde tinham peixes grandes.Uma vez eu vi o pessoal passando rede...pegando traíra. De vez em quando saia até umas brigas feias, porque o pessoal pescava com peneira para pegar cascudo.
Também se pescavam naquele pequeno riacho que vem do Arboreto Vila Amália, passando perto da biquinha da Rua Índio Peri onde formava uma lagoinha, aí o pessoal pescava nele de ponta a ponta.

AS FAVELAS NO PERY: Na minha época de criança ainda não tinham as favelas no Pery, chegaram muito tempo depois., não acompanhei o período das formações destas comunidades, me lembro sim da tal ''maloquinha'', uma pequena comunidade formada por casas de madeira ali onde hoje é a Rua Condessa Amália Matarazzo, que ao lado do leito do Riacho Guaraú no Pery velho. Nesse trecho nós também costumávamos ir nadar.
Tinha gente que pescava nas águas desse riacho, mas não tinham muitos peixes não. A gente pegava guaruzinhos e engolia vivo que era para aprender a nadar kkk. Nesse tempo a água era limpinha.



Foto 6
Já maior um pouco comecei a frequentar os campos de futebol, esta foto foi tirada no campo do Guarani, onde posteriormente acabou sendo formada uma favela (Comunidade Guarani).
Na foto estou ao lado do meu chara saudoso ''Claudio Mesquita'' da (família Mesquita muito grande ai no Pery).


Foto 7
Em 1977 desfilei na VAI VAI com o pessoal da BLACK MAD que já na época, em plena ditadura militar vinha se despontando com o movimento negro.
 A BLACK MAD continua ainda hoje promovendo grandes eventos com o Mauricio Nogueira que desde a fundação continua no comando.



POSSO DIZER QUE VI NASCER A BLACK MAD, EQUIPE PIONEIRA DO MOVIMENTO BLACK MUSIC NA ZONA NORTE. O início da Black Mad se deu pelo fato do Maurício realizar bailes na garagem e aí foi expandindo e começou a buscar espaços maiores porque cada vez mais o movimento crescia e assim foi surgindo uma legião de adeptos. Ainda guardo uma das primeiras camisetas da Black Mad, há pelo menos 35 anos).


Tudo isso ocorria em plena era da velha ditadura militar, não sabíamos, mas com certeza os milicos deviam estar de olho na gente. Em meados da década de 1970 o Maurício abriu um salão de festas na rua Condessa Amália Matarazzo, Jardim Pery velhoconhecido ''Risca faca''.
O fundador da BLACK MAD é o Mauricio Nogueira, que já pensava alto naquele tempo, a intenção na época era formar cinco grandes equipes de SOUL em São Paulo para divulgar a BLACK MUSIC, das cinco ficaram a BLACK MAD e a ZIMBABWE.
A união da Black Mad com as equipes de DJs;  Company Soul e Zimbabwe são as raízes do que hoje conhecemos como a Cultura Black. Estilos musicais como o soul e o funk, temperados à brasileira, tiveram seu auge na década de 1970 aqui no Brasil.
MINHA LIGAÇÃO COM A BLACK MAD: Quando a equipe foi formada eu trabalhava na Bravox (fábrica de auto falantes, localizada perto no Horto Florestal) marca líder no setor de caixas acústicas, então a minha função era dar manutenção nas caixas acústicas; tempos depois a fábrica mudou para a cidade de ITU e eu me mudei junto. Foi um período que marcou a minha vida.


Foto 10

Na foto nº 10 esta parte da nossa turminha na época:
Moacir Nogueira, Mauro Nogueira, Juca (Jucão), Benê, Jandira, Daisy, Miriam, as irmãs gêmeas; Cida e Fátima, Fátima irmã da Daisy, Tânia, Marquinho, Julio, Jesus, jê), Claudio etc.


JUNTOS PARTICIPAMOS DA HISTORIA DO PERY



Família Ramalho, na Rua Miguel de Lemos na vila continental,~
ano 1975

História das Famílias do Jardim Pery:
Texto: Claudio Ramalho
Fotos acervo Família Ramalho
Edição final e correção: Robinson Dias





FAMÍLIA RAMALHO:
Filhos Claudio, Aparecido, pai José Ramalho e mãe Sabina Ana Ramalho; no colo a prima Beatriz





3 comentários:

  1. Eu estudei na escola rita bicudo pereira
    Em 1966 .67.68
    Meu pai ficava direto neste bar.sr Alfredo Goes

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  2. Eu estudei na escola rita bicudo pereira
    Em 1966 .67.68
    Meu pai ficava direto neste bar.sr Alfredo Goes

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  3. Meu amigo sou desse tempo e presenciei tudo que você relatou, sinto muita saudade... parabéns recordar e viver. Manolo

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