Da licença de publicar esta fotografia aqui???
A foto retrata uma das famílias mais antigas a residir no Jardim Pery. Moradores da Rua Embaixador Orlando Ribeiro, Jardim Pery velho.
Minha família em meados 1972; meu pai e as irmãs mais jovens, mas além delas tem mais irmã e irmãos que não estão na foto, ai estão; Adriana ( com galho de árvore na mão) era a mais rueira, Valéria ( mais baixinha), Alcina ( chupeta na boca), Cristina e minha querida mãe Lourdes de Castro, filha da poetisa Maria do Rosário de Castro e do Seu Zé de Castro, mineiro da calmaria, pedreiro pioneiro que ergueu diversas residências nesse bairro quando pra fazer massa de reboco tinha que buscar água nos riachos doces que ainda vertiam água limpa de beber.. Meu pai Bernardo Dias da Silva, filho do casal de portugueses Antonio Dias e Maria Luiza Dias da Silva. era um amante das artes e da natureza e seus bichos, militar e um excelente músico de lazer, tocava violão, gaita e já tocou até harmônica, mais conhecido como Nardo, primo do cantor e compositor de bossa nova Tito Madi.
E com esse violão quantas foram as vezes que esse pai lindo nos fazia dormir tocando aquela doce canção do Caetano Veloso; ''Felicidade'' fio se embora e a saudade do meu peito ainda mora e é por isso que eu gosto lá de fora. Porque eu sei que a falsidade não vigora''
Meus pais se conheceram e casaram no Pery em plena década de 50, quando o bairro era ainda uma região reflorestada que chamavam de Vila Guaraú. O Pery foi fundado em maio de 1951, situado entre dois importantes córregos; o Guaraú com nascente na Serra da Cantareira e do córrego Arboreto que nasce no Arboreto Vila Amália- Horto Florestal.
Esse era o tempo que a gente brincava na rua de terra onde passava se um carro por semana, jogava taco, bolinha de gude, bola, volley não porque na época era 'queimada' que se jogava.
No quintal grande que havia no fundo dessa casa meus pais plantavam de tudo, abóbora e abobrinha, verduras, tomates, carramanchães de chuchu e de maracujá, cana, tinha pitanga, mata fome, limoeiro. Todo ano tinha o plantio do milharal que era então a festa maior dos degustes das iguarias feitas de milho; pamonha, curau, bolo de milho, suco, milho assado, cozido, eh tempo bom!!! e ainda no mesmo milharal as espigas serviam ás meninas como bonecas, maduras de cabelo pretinho e as verdes de cabelos loirinhos, que deixava nosso pai bronqueado ver espigas sendo estragadas, mas sempre aceitava por sabia que era por uma causa de uma boa brincadeira...kkkkkk Mas o bom era no tempo da colheira, vinham os vizinhos, vinha a família, vinhas os cachorros,kkkkk, parecia uma taba com toda a tribo reunida...
...a mesa era menor que o tamanho da família que no final da déc 70 já eram 12 contando pai e mãe, na hora do café ou do almoço e janta tinha que revezar ou ia alguns pro chão ou num banquinho de lata. kkkkk. A comida era aquela que sempre todo mundo comia tivesse o que fosse, salada era mistura e todo mundo comia de tudo.
Nossa casa era grande, não tinha um quarto pra cada um mas tinha 2, um para nossos pais e um inteirinho pra nós 10, rs. Antes de fazer o muro de alvenaria na frente da casa tinha uma cerca de madeira remendada, um mosaico de pedaços de tábuas pregos uns sobre outros. A rua cheio de árvores..
E assim foram os tempos da vida simples e saudável, a gente andava de pé no chão, jogava bola descalço, vivia com o dedão arrebentado sem nem curativo fazer.
Tecnologia pra quem podia era uma lanterna, ou um radinho de pinha da evadim ou moto rádio....Não tínhamos ,nem telefone ninguém tinha. Mas nas noites a melhor de todas eram as fogueiras nos fundos dos quintais sempre iluminados pela lenha queimando e os olhos das crianças lumiando.
5 anos depois desta foto ( 1977) é que chegou a água encanada no Pery, antes disso só tinha água em casa quem tinha um poço no quintal, nós tínhamos, mas mesmo assim a boa água que nós e grande parte dos moradores bebíamos mesmo eram águas coletadas em nascentes que ainda vertiam em alguns lugares na região. Na bica do Horto era o ponto mais visitado pois lá a potabilidade da água é sempre a mais garantida, mas tmbm a Biquinha da Rua Índio Peri era outra nascente bem frequentada, chegando a se formar filas todos os dias de gente buscando água pra beber e pra cozer...
As brincadeiras de esconde-esconde, mana mula, pular prédio de martinelli, mãe da rua.
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